O que é o índice de Basiléia?
Definição e Histórico
O Acordo de Capital da Basiléia, também conhecido como Basiléia I
foi firmado em 1988 na Suíça e ratificado por mais de 100 países. Este
acordo teve como principal objetivo criar exigências minimas de capital
(que devem ser respeitadas pelos bancos dos países participantes) como
precaução ao risco de crédito.
Até a assinatura deste primeiro acordo, o controle de capital dos bancos era atrelado à alavancagem
dos mesmos. Desse modo, os bancos poderiam emprestar no máximo o
equivalente à 12 vezes o seu capital e reservas. O grande problema desta
metodologia foi que os índices foram previamente determinados e os
técnicos se esqueceram (sim, erro crasso) de reajustar o capital e as
reservas em relação à inflação da época. Assim, com o aumento da
inflação, a capacidade de empréstimo dos bancos foi diminuindo ano a
ano, pois havia necessidade de aumentar as reservas de capital dos
bancos e por consequência o capital disponível para empréstimos ficava
cada vez menor. A crise da dívida externa do Brasil em 1982 foi uma
das consequências desta metodologia (que vinha sendo utilizada desde
1935), pois com a inflação aumentando consideravelmente os bancos
tiveram que repatriar grande quantidade de dinheiro de modo a cumprir a
legislação vigente.
Observando este problema na metodologia (que acabou penalizando outros países e não só o Brasil) realizou-se o acordo de Basiléia I e a partir deste momento às exigências minimas de capital passaram a ser relacionadas com o risco de crédito
de cada instituição. Mesmo assim, este primeiro acordo não conseguiu
evitar diversas falências de instituições bancárias na década de 90.
O acordo de Basiléia II, foi realizado em 2004 e tinha por base 3
pilares e 25 princípios básicos sobre contabilidade e supervisão
bancária. Estes três pilares principais eram: capital (guardar), supervisão (fiscalizar) e transparência (divulgação dos dados) - o que convenhamos - deve ser a base de um sistema bancário sadio.
O denominado acordo de Basiléia III surge após a crise do
subprime americano (que deflagrou uma das maiores
crises econômicas mundiais dos últimos tempos) e foi publicado em 2010.
Foi promovido pelo G20 e pelo Fórum de Estabilidade Financeira e
trata-se de uma revisão do Basiléia II. A crise de 2008 mostrou ao mundo
e aos investidores que mesmo com todas as regras já existentes, o
sistema bancário mundial apresentava-se bastante frágil. Verificou-se um
grande aumento no valor dos empréstimos realizados pelos bancos,
enquanto que os recursos destinados à amortizar os
riscos diminuíam consideravelmente, sendo que muitas instituições não
tinham reservas suficientes para fazer frente à um problema de liquidez.
Resumindo: se alguns bancos levassem um grande calote de seus clientes, eles simplesmente não teriam dinheiro para cobrir o rombo.
Na prática
Como já observamos acima, o índice de Basiléia tem como grande objetivo
forçar os bancos a manter um índice mínimo de reservas, de forma a
enfrentar possíveis crises de crédito. Por exemplo: vamos supor que você
é um empresário, tem um comércio e nele realiza vendas à prazo. Se
alguns de seus clientes (por uma crise no setor, por exemplo) deixarem
de pagar o que lhe é devido, e você não tem uma reserva de segurança,
com toda certeza terá problemas de liquidez e não conseguirá movimentar
seu negócio.
O mesmo ocorre com o já famosa reserva de segurança dos investidores.
Recomenda-se que não se invista antes de guardar uma reserva de
segurança proporcional à pelo menos 6 meses do seus ganhos. Por que
isso? Pois se você perder sua fonte de renda (emprego/falir etc), terá
estes valores para pagar suas contas e evitar um problema de liquidez.
Deste modo, quando maior (e quanto mais crescer) o índice de Basiléia de
um banco, maior será a segurança que ele terá para enfrentar às crises.
Vamos à um exemplo prático: em setembro de 2012, o Banco do Brasil
anunciou que seu índice de Basiléia estava em 14,8%. O que isso
significa na prática? Mostra que para cada R$ 100,00 que o banco
empresta, ele tem R$ 14,80 em patrimônio Já os bancos privados, como
Bradesco e Itau (segundo dados de 2012) trabalham com este índice na
faixa de 15% a 16%, o que é considerado relativamente seguro pelo
mercado. Não podemos nos esquecer que o valor mínimo estabelecido pelo
Banco Central é de 11%, sendo que de acordo com os objetivos do acordo
de Basileia III, até o ano de 2019 este índice minimo deverá chegar à
13%.
fonte: http://www.ricoporacaso.com/2013/03/o-que-e-o-indice-de-basileia.html